Instrutora de autoescola conseguiu emprego por causa do machismo.
Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Paulo
Cintia Guilhen é instrutora de autoescola em São Caetano do Sul (Foto: Rauz Zito/G1)
Para a autoescola seria legal colocar uma mulher como instrutora porque tem marido ciumento que não deixa a mulher fazer aula com homem"
Histórias de mulheres que mergulharam no mundo automobilístico e lutaram para superar gracejos masculinos, preconceitos e salários melhores já estão velhas e, até mesmo, “fora de moda”. Com incentivo muitas vezes dos próprios homens, elas cada vez mais atuam em ambientes tradicionalmente masculinos, como oficinas, autoescolas e pistas de corrida. E um diferencial que pesa no currículo é, justamente, a condição feminina.
Foi com a ajuda de um sobrinho que começou a carreira de instrutora de autoescola, Cintia Guilhen. Na época, recém-separada e com 39 anos, ela decidiu fechar uma loja de roupas infantis que tinha em sociedade com a cunhada e investir na carreira de instrutora. “De supetão, decidi ser instrutora. No começo de 1998 me separei, como eu estudei até a 8ª série e tinha que sustentar a casa, corri atrás e fiz o curso para instrutor”, diz Cintia, que tem dois filhos e vive em São Caetano do Sul, no ABC paulista.
A instrutora conta que o sobrinho entrou em contato com um amigo que trabalhava na autoescola e sugeriu sua contratação. Ironicamente, Cíntia conseguiu o emprego para atender um grupo de “vítimas” do machismo. “Para a autoescola seria legal colocar uma mulher como instrutora porque tem marido ciumento que não deixa a mulher fazer aula com homem”, explica.
“Nunca sofri preconceito dos meus colegas de trabalho, só uma vez senti de um aluno, mas isso foi há muito tempo”, afirma. A chamada “sensibilidade feminina” também ajuda Cíntia a cativar seus alunos. “Hoje uso as experiências da minha vida para aplicar nas aulas. Quando vejo que o aluno vem muito pra baixo, tento ajudar. Há mulheres que se chamam de burras e dizem que não conseguem dirigir. Abomino a palavra ‘burro’”, conta.
Com 51 anos, Cintia diz que sua vida mudou após começar a trabalhar nesta área. Além da superação pessoal e profissional, ela voltou a estudar. “Estou no segundo ano do supletivo e, se Deus quiser, vou fazer faculdade de gastronomia”, planeja a instrutora.
Parabéns Mulheres! :D